Paulo César Castro
Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ

 

Resumo

O funcionamento da sociedade contemporânea está submetido decisivamente à lógica das mídias, que são parte da estrutura da tecnocultura que daí emerge. Diante do alcance de tais mudanças, que apontam para a passagem da cultura de massa para a cultura midiática, o conceito de mediação vai dando lugar ao de midiatização, pois este reflete o novo ambiente cognitivo que orienta o conhecimento, a sensibilidade e as ações dos indivíduos. E neste cenário, o jornalismo tem papel decisivo, pela centralidade que ocupa e pela força em instituir novos padrões de construção discursiva da realidade. Com este artigo, buscamos analisar como os leitores, para “colaborar” com os websites de veículos jornalísticos brasileiros, têm de se submeter, em maior ou menor grau, aos protocolos e às regras do campo do jornalismo. Para avaliar essa midiatização da recepção, tomamos como objetos os espaços colaborativos dos websites dos jornais O Globo e O Dia (respectivamente “Eu-repórter” e “Conexão Repórter”), ambos editados no Rio de Janeiro, e do portal de notícias da Central Globo de Jornalismo (“VC no G1”). A recepção midiatizada significa, assim, o uso da voz, por parte dos leitores, de um ambiente historicamente sonegado, mas desde que sob os princípios de uma lógica que subtrai a autonomia de sua expressão.

 

Abstract

Due the centrality of media – more intense in the last 30 years – in the cultural and political scenario, as from their new organization and structuring procedures of their social-symbolic activities, new theoretical and analytical models have been demanded. It’s necessary considering that, even in the presence of traditional ways of representing the reality, the public space is made for earlier ways that, mainly because based-computer technologies, provide the virtual, simulation and telereal. Another perspective enables, still under the search of understand the phenomena of collective production of meanings in contemporary society, to reflect about the change from mass culture to media culture. One of the main expressions of mediatization has taken place through traditional media – mostly in the journalistic field –, that extend their acting to the digital systems scene, such like the internet. In this scenario, the social actors start to move for the mediatical logic, using their techniques, operations, strategies and protocols, acting in a space and making use of instruments before mainly operated for journalists. The mediatization means that the codification of reality, before a fundamental prerogative of production field, becomes a practice also of the reception field. The journalism has been one of places where happens the mediatization reception because, through the websites of their traditional media, the users are invited to be install themselves inside of productive system, assuming, in theory, the role of co-operators of the enunciation. To talk about these issues, pointing to mediatization of reception, let’s work with the following cases: O Globo and O Dia’s websites, both published in Rio de Janeiro, and G1, TV Globo’s journalism web portal, the biggest Latin American channel.

 

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