Isabel Levy
PPGICS/ICICT/FIOCRUZ

 

Resumo

A centralidade das mídias nas vidas de pessoas e instituições se expressa em todos os níveis de sociabilidade e também no setor Saúde. Como parte do fenômeno de midiatização, as instituições sanitárias vêm alterando profundamente suas práticas de comunicação, se apropriando das lógicas midiáticas e privadas. Além da tradicional assessoria de imprensa, redes sociais, narrativas transmídia, aplicativos móveis e outras linguagens já fazem parte da rotina dessas instituições. Mas nem sempre levam à superação da matriz transferencial da comunicação. Ao contrário: atualizam o modelo informacional com a roupagem da interatividade. Independentemente do instrumento utilizado – release, Facebook, boletim epidemiológico ou vídeo – profissionais de comunicação destacam-se como mediadores entre Saúde, mídias e sociedade, propondo ou ao menos formatando sentidos sobre saúde. E é explícito o avanço de empresas de comunicação no setor, em instâncias estratégicas e tomadas de decisões. Este trabalho propõe um olhar sobre os “mundos semióticos” (VERÓN, 2012) que se articulam e tensionam no campo da Comunicação e Saúde a partir da midiatiazação das instituições sanitárias e do imbricamento entre público e privado. A metáfora do hipertexto (LÉVY, 1993) é um caminho para depreender as operações de sentido provocadas pelas práticas de comunicação das instituições sanitárias. Na atual conjuntura de desmonte do SUS, acirra-se no mercado simbólico da saúde (ARAÚJO, 2004) a disputa entre dois “mundos semióticos” (VERÓN, 2012): o que defende a saúde como direito e o que deseja transformá-la em mercadoria. Uma rede de hipertextos ativaria os ideais do Movimento Sanitarista, da Constituição Federal de 1988, dos princípios do SUS. Outra, a imagem de filas e denúncias de corrupção, do plano de saúde como marca de ascensão social. Quando uma peça publicitária governamental, produzida por uma empresa privada, afirma “O que importa é: se você tem um plano, você tem direitos”, qual rede de hipertextos será acionada?

 

Abstract

The centrality of the media in peoples’ and institutions’ lives is expressed in all levels of sociability and also in the health sector. As part of the phenomenon of mediatization, health institutions have been profoundly altering their communication practices, appropriating media and private logics. In addition to the traditional press office, social networks, transmedia narratives, mobile applications and other languages are already part of the institutions’ routine. But they do not lead to overcoming the communication transference matrix. Instead: they update the information model with the interactivity guise. Regardless of the instrument used – press release, Facebook page, epidemiological bulletin or digital video – communication professionals stand out as mediators between the health sector, media and society, proposing or at least formatting meanings about health. And it is explicit the advance of communication companies in the sector, in strategic and decisionmaking instances. This paper proposes a look at the ""semiotic worlds"" (VERÓN, 2012) that articulate and fight in the Communication and Health field according to the mediatization of health institutions and the interrelationship between public and private. The hypertext metaphor (LÉVY, 1993) is a way to understand the operations of meaning provoked by health institutions’ communication practices. In the current dismantling scenario of the SUS, the dispute between two ""semiotic worlds"" (VERÓN, 2012) arises in the health symbolic market (ARAÚJO, 2004): one defends health as a right; the other aims to transform it into commodity. A network of hypertexts would activate the ideals of the Sanitary Movement, the Federal Constitution of 1988, the SUS principles. Another, the image of queues and corruption, of the health insurance as an upward mobility mark. When a government publicity piece produced by a private company says, ""What matters is: if you have a health insurance, you have rights"", which hypertext network will be activated?

 

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