O CISECO nasce com a vontade de se converter em um espaço autônomo de reflexão e de investigação sobre os fenômenos de produção de sentido (múltiplas práticas significantes, discursividades, velhos meios e novas tecnologias) no despertar do terceiro milênio e no contexto de uma America Latina que concebemos como inteiramente aberta a uma mundialização, a qual tem muito que contribuir. Como todo projeto intelectual, resulta do cruzamento complexo de circunstâncias pessoais e acadêmicas, bibliográficas e institucionais.
O CISECO propõe um espaço autônomo em vários sentidos. Em primeiro lugar, enquanto não reconhece, para a definição de suas atividades, nenhum outro condicionamento fora das limitações inevitáveis das individualidades que o compõem. Em segundo lugar, porque considera que a reflexão atual que nos interessa deve ignorar as fronteiras disciplinares e abrir múltiplas trocas, transversais e sem compartimentos estanques. No campo que lhe é próprio, da Semiótica e da Comunicação, lhe interessam todas as iniciativas que não são pensadas simplesmente em relação com a carreira profissional de quem as propõe.
Neste contexto, a noção de espaço não é puramente metafórica e tem a ver com as possibilidades de reflexão. O homo sapiens continua sendo uma espécie que projeta suas virtualidades globalizadas a partir de um nicho evolutivo necessariamente específico: o mais interessante é a tensão entre o local e o global. A inserção do CISECO em Japaratinga, município que forma parte da chamada ‘Costa Dourada’ no estado de Alagoas, não é um detalhe sem importância. Expressa a convicção de que um espaço de reflexão global só pode ser eficaz e criativo inserido em um determinado contexto econômico, social e cultural. Desde o ponto de vista histórico, a zona costeira de Alagoas e Pernambuco abriga a memória da escravatura, essa figura central da larga e dramática relação entre o velho e o novo mundo. Desde o ponto de vista ecológico e ambiental, testemunha de uma maneira única a interação entre o tempo natural e o tempo mental, entre o ritmo do mar e o ritmo dos signos, entre o rumor da natureza e o sentido da linguagem: esse delicado equilíbrio que necessitamos preservar para compreender o presente de nosso planeta e poder pensar seu futuro.